Engenharia, TRIZ e FMEA: Foco em Soluções e não em Problemas

Hoje, 10 de abril, é dia da engenharia.

Engenharia é a aplicação prática das ciências para resolver problemas.

O Que Faz o Engenheiro?

Quando cursava o primeiro ano de engenharia mecânica, descobri, lendo o livro Introdução à Engenharia, de Walter Bazzo, que a engenharia não é em si uma ciência, mas, uma arte.

O engenheiro faz uso de conhecimentos científicos e, também, de uma adequada dose de bom senso, para desenvolver máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas, veículos, edificações, estruturas, entre outras coisas que utilizamos diariamente e tornam a vida moderna possível.

Foco no Problema ou nas Soluções?

Hoje, com o crescimento da complexidade dos problemas e das soluções, vemos uma ênfase nesta área do conhecimento. Há uma falta de profissionais da engenharia, mesmo com os grandes números de engenheiros formados no Brasil.

Considero muito auspicioso este momento, em que, ainda que timidamente, nosso País reduz um pouco a tradicional desproporção entre engenheiros (poucos) e advogados (muitos). Minha razão para pensar assim é simples. O ser humano cria leis para compensar a falta de boas e robustas soluções.

FMEA (Failure Modes and Effects Analysis / Análise dos Modos e Efeitos da Falha)

Quem utiliza com proficiência a FMEA, uma importante ferramenta da engenharia, sabe que o mais eficaz para evitar falhas é eliminar por completo o Modo de Falha. Pensando em colisões entre carros, eliminar o modo de falha envolve a criação de sistemas de controle que impossibilitem colisões, como os atuais sistemas de assistência ao motorista, com frenagem automática, manutenção de distância dos demais veículos, etc.

Se eliminar o modo de falha é muito caro, ou se não há criatividade suficiente para tal, passa-se a tentar reduzir a Ocorrência, ou seja, eliminar as possíveis causas da falha. Afinal, se as causas não estão presentes, a falha não acontece. As causas de uma colisão podem ser excesso de velocidade, distração, letargia (tempo de reação elevado do motorista, que pode ser, por sua vez, causado pelo álcool e outras drogas), problemas no sistema de frenagem do veículo, problemas com a saúde do motorista, entre outros.

Se não se consegue eliminar as causas, procura-se aumentar a Detecção, ou seja, compensar e conter a ocorrência da falha, ou, em última instância, tornar a falha evidente, de forma que possa ser contida. O guard rail é um exemplo de detecção, pois não impede a colisão, mas, contém os efeitos da mesma.

Análise Subversiva

A TRIZ tem uma abordagem ainda mais proativa que a FMEA para aumentar a confiabilidade, chamada de “Análise Diversionária”, “Análise de Sabotagem” ou “Análise Subversiva”: em vez de tentar impedir a falha, como causá-la? A Análise Subversiva converte o problema da FMEA em um problema inventivo. O objetivo último não é de fato causar a falha – a não ser que você seja um terrorista entusiasta da TRIZ – mas, descobrir no processo inventivo todos os elementos e mecanismos pelos quais a falha pode ocorrer. Uma vez feito este mapeamento, pode-se pensar muito mais facilmente em formas de impedir a falha.

Proatividade x Reatividade

Note-se a diferença das abordagens engenheirística e legislativa. É a diferença entre ser proativo e ser reativo; a diferença entre focar na solução ou no problema. A abordagem engenheirística é desenvolver soluções para que os carros não colidam. A abordagem legislativa é forçar o motorista a não ultrapassar um limite de velocidade fixo (o qual em alguns pontos da estrada pode ser baixo e em outros elevado), para não ser multado.

Rumo ao seu desenvolvimento, o Brasil precisará de muito mais proatividade e, portanto, de muito mais engenheiros. E aqui, vamos enxergar engenheiros num sentido mais amplo: engenheiros, designers, arquitetos, tecnólogos, técnicos – todos os proativos que preferem criar soluções a estabelecer leis e punições.

Reflexão Final

A engenharia, uma intersecção da ciência e da arte, desempenha um papel crucial na resolução de problemas complexos da vida moderna. No Brasil, observamos uma evolução positiva no campo da engenharia, reduzindo a disparidade entre engenheiros e profissionais de outras áreas. Ferramentas como FMEA e a abordagem de Análise Subversiva da TRIZ destacam a proatividade inerente à engenharia, contrastando com métodos reativos típicos de outras disciplinas. A engenharia foca em soluções criativas e robustas, enquanto outras áreas tendem a depender de leis e regulamentos para gerenciar falhas. A necessidade de mais engenheiros no Brasil é um reflexo da busca por uma sociedade mais proativa, onde soluções inovadoras são preferidas a restrições. Este desenvolvimento é vital para o progresso do país, reafirmando a importância da engenharia no cenário atual.


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About the author

Engenheiro, professor, empreendedor e autor, Marco de Carvalho atua nas áreas de inovação sistemática, criatividade, desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos.

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