Os níveis inventivos na TRIZ

Nesta postagem, vamos investigar os níveis inventivos e o mais importante: sua utilidade.

O estudo de patentes

Nem todas as patentes nascem iguais. Graças a Deus por isso, porque permite aos pesquisadores de TRIZ e Inovação Sistemática analisar o apenas o que é mais útil e relevante, e desprezar o restante. Isso simplifica o trabalho.

Altshuller, o criador da TRIZ, estudou patentes de diferentes áreas, com o objetivo de buscar alternativas mais eficazes aos métodos para a solução criativa de problemas até então disponíveis. Esta abordagem diferenciou-se das anteriores por focalizar-se nos registros do produto criativo das áreas técnicas: as patentes.

Altshuller e, posteriormente, outras pessoas, procuraram definir quais os processos envolvidos na obtenção das soluções criativas contidas nas patentes. Assim, através do estudo das patentes foram sendo encontradas regularidades, colecionadas com o intuito de uso para a solução de futuros problemas.

Os níveis inventivos

Como não se queria perder tempo, a pesquisa por heurísticas foi focalizada nas invenções consideradas de alto nível inventivo, com base numa classificação que Altshuller criou e que é resumida na tabela abaixo.

O nível 1 corresponde às patentes que descrevem a resolução de problemas rotineiros, limitadas a pequenas mudanças em relação ao estado da técnica.

As invenções de nível 2 envolvem um pouco mais de conhecimento por parte do inventor, mas, ainda sem a introdução de conhecimento de áreas remotas e sem que tenha ocorrido a resolução de uma contradição.

O nível 3 é reservado para patentes que introduziram mudanças mais significativas, muitas vezes com o uso de elementos que eram estranhos à indústria em questão. As invenções de nível 3 envolvem a remoção de contradições.

O nível 4 corresponde àquelas invenções que, praticamente, nada têm a ver com o estado da técnica, ou seja, utilizam princípios de funcionamento diferentes dos tradicionais e, portanto, estão criando novos paradigmas tecnológicos.

Finalmente, as invenções de nível 5 correspondem ao resultado de pioneirismo científico e tecnológico, ou seja, são as invenções somente possíveis pela aplicação de um novo fenômeno ou efeito descoberto.

Os critérios para definir os níveis inventivos

A forma de classificar uma invenção numa categoria ou outra foi baseada nos critérios:

– do número estimado de tentativas que seriam necessárias para chegar à solução inventiva, usando processos de geração livre de idéias, como o brainstorming;

– do escopo do problema e dos meios de solução – situado dentro da área de conhecimento do inventor e do corpo de conhecimento da indústria em que atua ou em áreas remotas;

– da existência ou não de uma contradição na situação problemática original.

Foco da TRIZ: níveis 3, 4 e 5

A classificação dos níveis inventivos carece de formalidade, como logo percebe quem tenta classificar patentes na prática. Há uma certa margem para o erro, mas, a classificação cumpriu o papel para a qual foi criada: serviu como parâmetro para limitar o número de patentes a serem analisadas a fundo para a extração de conhecimento para a TRIZ aos níveis mais altos (3, 4 e 5).

Para Altshuller, a TRIZ deveria ser utilizada, principalmente, para resolver problemas dos níveis 3 e 4. Problemas do nível 1 e 2 não necessitam ser resolvidos com o uso da TRIZ. Existem pesquisas sobre como estender o uso da TRIZ para invenções do nível 5.

O que eu ganho com isso?

Você pode pensar: – Ok, interessante. Porém, para que me serve, hoje, saber sobre estes tais níveis inventivos?

Primeiro, como alguém já se deu ao trabalho de organizar as estratégias inventivas, significa que já existem as ferramentas para resolver mais de 90% dos problemas tecnológicos. Basta aprender e aplicar a TRIZ e Inovação Sistemática.

Outro aspecto é que, com os níveis inventivos, foi estabelecido um parâmetro para o uso da TRIZ e Inovação Sistemática. Assim como não se usa um míssil para matar uma pulga, não se usa a TRIZ e Inovação Sistemática para resolver problemas triviais, dos níveis 1 e 2. E, também, não se pode esperar que ferramentas associadas aos níveis 1 e 2 (pura tentativa e erro ou brainstorming, por exemplo) levem de forma confiável a soluções de níveis inventivos elevados. Isso até pode acontecer, mas, é o acaso em ação.

Sob o ponto de vista da gestão da tecnologia, os níveis inventivos podem ser utilizados como ferramenta de planejamento do portfólio: em que níveis estão meus produtos ou tecnologias? Posso buscar soluções de níveis mais altos para meus produtos atuais, que são de nível 1 ou 2? Por outro lado, como farei para explorar ao máximo minha nova patente de nível 3 ou 4, que certamente gerará a necessidade de outras soluções de níveis 3, 2 ou 1? Conseguirei fazer isso sozinho, ou terei de utilizar o conceito de inovação aberta (open innovation)?


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About the author

Engenheiro, professor, empreendedor e autor, Marco de Carvalho atua nas áreas de inovação sistemática, criatividade, desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos.

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