IX Congresso Brasileiro de Gestão do Desenvolvimento de Produtos

Ontem acabou o IX Congresso Brasileiro de Gestão do Desenvolvimento de Produtos (CBGDP). Realizado no Hotel Pestana, em Natal, o evento reuniu dezenas de profissionais, estudantes e pesquisadores do Brasil e do exterior, entre 2 e 4 de setembro.

Com foco nos temas criatividade e sustentabilidade, o congresso teve vários pontos altos. Palestras, evento de premiação, minicursos, sessões técnicas acontecendo em paralelo, além das conversas e do reencontro com amigos. Relato a seguir aquilo que considerei mais interessante na minha experiência pessoal do evento.

No dia 2 de setembro, logo após a cerimônia de abertura, aconteceu a palestra Short and long-term futures for sustainable making, de Steve Evans, da Universidade de Cambridge. Evans começou naquele conhecido tom de doom and gloom visto em muitas palestras sobre sustentabilidade: estamos destruindo o planeta, precisamos reduzir o uso de recursos e as emissões urgentemente, etc. Quando ele começava a perder o meu interesse com esse discurso, mudou o tom da palestra e começou a falar sobre o que importa, que é como resolver o problema.

Steve dedicou o restante da palestra a falar sobre a necessidade de identificar “situações estúpidas” e encontrar alternativas inteligentes para as mesmas (e ganhar muito dinheiro no processo). Para Evans, é necessário identificar ativamente os desperdícios (de energia, de água, de materiais, de tempo, entre outros) e eliminá-los. Outro ponto importante de sua palestra foi que é preciso projetar as coisas sistemicamente, e não simplesmente no nível de produto ou processo específico, para que sejam efetivamente racionais. Outra abordagem de sustentabilidade é buscar internalizar o que costumeiramente era externo. Neste último caso, o exemplo dado foi o da indústria automotiva. Segundo ele, as montadoras fizeram muito pouco para reduzir o consumo de combustível simplesmente porque não são elas que pagam essa conta. Transformar o mercado da compra de produtos para a compra de serviço poderá vir a mudar completamente esta situação.

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Na tarde do dia 2, acompanhei as sessões técnicas, em que me chamaram a atenção trabalhos aplicando bibliometria, porque tenho orientados trabalhando com este assunto e, também, artigos com a aplicação de métodos e técnicas de criatividade.

No final da tarde, houve uma palestra sobre criatividade, com o consultor Jairo Siqueira. Ele começou falando sobre a pequena importância que é dada ao tema, mesmo num mundo que está na era da inovação. Seguiu argumentando que a criatividade das crianças é alta e precisa ser mantida e a dos adultos é, de modo geral, muito pequena e precisa ser ativamente recuperada, tanto com atitudes como com o uso de métodos. Falou sobre aquelas que considera as duas abordagens de criatividade, a escola americana, cujo ícone é a técnica do brainstorming e a escola russa, que desenvolveu a TRIZ. Abordou, ainda, modos de fomentar a inovação e a criatividade individual. Foi uma palestra interessante, em que o palestrante apresentou vários insights e fugiu do óbvio. Ao final da palestra, Siqueira divulgou seu e-book Criatividade Aplicada.

Finalizando o dia, tivemos o jantar do congresso, com o reconhecimento a vários profissionais e pesquisadores que muito contribuíram com o Instituto de Gestão do Desenvolvimento de Produtos (IGDP): Prof. Nelson Back (UFSC), Prof. Henrique Rozenfeld (USP-SC), Prof. Lin Cheng (UFMG), Prof. João C. de Toledo (UFSCar) e Eng. José L. da Cruz (EMBRAER).

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A terça-feira começou cedo para mim. O minicurso que ofertei, TRIZ no Desenvolvimento de Produtos, teve uma ótima audiência, especialmente considerando que havia mais dois minicursos e duas visitas técnicas no mesmo horário. No minicurso, abordei a TRIZ como abordagem científica para a criatividade, conceitos e ferramentas da TRIZ, a aplicabilidade da TRIZ nas etapas do processo de desenvolvimento de produtos e tendências de pesquisa relativa à própria TRIZ. Acredito que o nível de satisfação com o curso foi grande, pelos comentários que ouvi ao final do mesmo.

À tarde, conduzi uma das sessões técnicas, onde também apresentei o trabalho da minha orientada de Iniciação Científica Maryelen H. Miyoshi e meu, Uso Combinado Da TRIZ e Da Prototipagem Precoce na Concepção de uma Cobertura Removível para Quadras de Tênis.

No final da tarde da terça, precisei dar atenção a assuntos profissionais que ficaram para trás e saí um pouco do congresso para tratar deles.

Voltei na quarta-feira, para assistir às sessões técnicas da manhã e início da tarde. No final da tarde, acompanhei a palestra da Enga. Dinah Leite: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Indústria Aeronáutica – EMBRAER. Dinah ofereceu uma visão de como a EMBRAER se organiza para desenvolver produtos e tecnologias (o modo como eles chamam as gerações futuras de produtos. A EMBRAER é um gigante em P&D, já que 26% de seu pessoal esta dedicado a esta atividade. A palestra teve uma audiência grande, o que tende a ser raro no final de evento como este, e motivou muitas perguntas e comentários.

Após a palestra, o Prof. Daniel C. Amaral, da USP-SC fez um relato sobre a reunião do IGDP, ocorrida na noite anterior. Os principais pontos comentados foram que o coordenador geral do congresso, Prof. Mario Gonzalez (UFRN) assumiu a presidência do Instituto e que o próximo CBGDP acontecerá em Poços de Caldas, em junho de 2015, com a colaboração da UNIFEI e Federal de Alfenas na organização.

Finalmente, o Prof. Gonzalez fez um apanhado geral do evento, fez a menção honrosa aos melhores trabalhos, agradeceu a todos os patrocinadores e colaboradores que ajudaram a fazer do evento um sucesso e deu por encerrada a jornada.


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About the author

Engenheiro, professor, empreendedor e autor, Marco de Carvalho atua nas áreas de inovação sistemática, criatividade, desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos.

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