Segundo dia da TRIZ Future Conference 2012

O dia foi iniciado pelo Prof. Pierre Collet, da Universidade de Estrasburgo. A palestra de Collet foi preparada para provocar os TRIZeiros presentes, mostrando o que está ocorrendo no mundo da computação criativa – isso mesmo, o computador gerando ideias.

Ele mostrou um panorama da evolução artificial, campo iniciado nos anos 50 e que hoje é amplamente aplicado, desde a definição de horários de trem até à otimização do corte de diamantes.

O Prof. Collet mostrou vários exemplos da evolução artificial. A aplicação desta tecnologia na evolução da receita de crepes ilustrou o mecanismo pelo qual o computador pode inventar. O objetivo era chegar à melhor combinação dos ingredientes de um crepe: farinha, ovos, leite e sal. Collet demonstrou que, no processo de sucessivas tentativas na busca pela melhor receita, teria sido possível a invenção da omelete (uma das combinações geradas, um “crepe” com muito pouca farinha e leite). Collet relatou também a criação das antenas para microsatélites (missão NASA ST-5).

Collet concluiu mostrando que a tecnologia por detrás da evolução artificial (computação massivamente paralela) hoje é relativamente barata e, consequentemente, veremos o seu uso crescer muito.

Após a sessão keynote, Sara Greenberg falou sobre sua abordagem de transferência de conhecimentos da biologia para a engenharia por meio da linguagem dos modelos su-campo da TRIZ.

A seguir, Ali Taheri falou sobre a medição do desempenho inventivo em equipes de P&D. Taheri apresentou uma revisão da literatura sobre o assunto e uma pesquisa que construiu para compreender as expectativas de diretores de P&D em relação ao tema.

Sanjin Pajo fez uma apresentação sobre a automatização da identificação de usuários líderes (lead users). A abordagem apresentada é inovadora, por basear-se em mineração de dados disponíveis no Twitter.

Depois da pausa para o café (com direito aos famosos pasteis de nata portugueses), Karen Gadd falou sobre a implantação da TRIZ na BAE Systems no período de 1998 até agora. As lições sobre como utilizar a própria TRIZ, o humor e os recursos da própria empresa, como a intranet, na propagação da TRIZ, cativaram o público.

Valeri Souchkov apresentou o “Mapa de Valor da Função”. É semelhante ao modelo Su-campo, com ênfase em atividades críticas definidas como verbos específicos, estudos de tempo e os impactos financeiros do tempo e recursos. Segundo Souchkov, este mapa tem sido eficaz para identificar oportunidades de melhoria de processo.

Petr Shimukovich apresentou seu “Novo Método para Contradições TRIZ” por meio de uma gravação em inglês, enquanto ele avançava os slides. Segundo Shimukovich, a maior contribuição de seu método é ser capaz de modelar transformações nas informações e não somente em material e energia.

A sessão da tarde foi iniciada com a fala de Denis Alves Coelho, sobre  TRIZ e Fatores Humanos e Ergonomia. Ele explicou o foco atual da área de Fatores Humanos e Ergonomia como sendo o trabalho cognitivo, processos de produção e design de produto. Ele explorou aplicações simples dos princípios inventivos para validar a ideia de entrelaçamento das duas disciplinas, e sugeriu a necessidade de um conjunto de estudos de caso para explorar melhor a sobreposição.

Achille Souli, do INSA Strasbourg, apresentou um método de correspondência de padrões léxico-sintáticos para extrair conhecimento a partir de bases de dados on-line de patentes, usando processamento de linguagem natural. Historicamente, os engenheiros tem ignorado dados importantes dos bancos de dados de patentes, porque a extração é demorada (e cara se eles precisam de ajuda especializada) e sujeita ao erro por causa de má informação ou confusão em algumas das patentes. A abordagem apresentada busca automatizar o processo.

Fons Sweeger, da Philips, falou sobre a obtenção de insights a partir do usuário final e das tendências da evolução da TRIZ.

Pavel Livotov e Olga Livotova apresentaram uma abordagem inovadora para a solução de problemas e tomada de decisão, as “constelações sistêmicas estruturadas”. Trata-se de uma espécie de empatia, em que as pessoas identificam-se com os elementos do problema e expressam seus sentimentos acerca das situações em que se encontram e como gostariam de passar a sentir-se.

A tarde terminou com a apresentação de Gaetano Cascini sobre ARIZ e a coleta de informações patentárias, a qual pode ser útil em várias etapas do algoritmo, mas, que, ainda não é adequadamente realizada. Aqui, basicamente, identificou-se uma oportunidade de pesquisa  relevante.

Neste dia, após um rápido descanso no hotel, fomos para um jantar típico, ao som do fado.

About the author

Engenheiro, professor, empreendedor e autor, Marco de Carvalho atua nas áreas de inovação sistemática, criatividade, desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos.

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