No título deste post está uma pergunta que já ouvi algumas vezes. Afinal, Inovação Sistemática é o mesmo que TRIZ? A resposta curta é “sim e não”. Segue a resposta longa.
Inovação Sistemática é o Mesmo que TRIZ
Alguns dos primeiros livros publicados sobre TRIZ em inglês também utilizavam o termo Inovação Sistemática em seus títulos: Systematic Innovation: An Introduction to TRIZ e The Innovation Algorithm: TRIZ, Systematic Innovation and Technical Creativity.
A explicação para associar o termo Inovação Sistemática com TRIZ nos títulos desses livros foi a necessidade de comunicar melhor, aos potenciais leitores, o que se poderia esperar dos mesmos. Note-se que TRIZ era um termo praticamente desconhecido, enquanto Inovação Sistemática era um termo muito mais aceitável.
Tendo identificado a origem da associação entre TRIZ e Inovação Sistemática, poderíamos parar por aqui, identificando-os como sinônimos. Porém, pretendemos fazer um comentário mais completo e seguimos com outras possíveis respostas.
Inovação Sistemática é uma Degradação da TRIZ
Conheço vários TRIZeiros mais tradicionalistas e ligados à TRIZ desenvolvida sob a liderança de Altshuller, também conhecida como TRIZ Altshulleriana ou TRIZ Clássica, que certamente responderiam desta forma.
O argumento aqui é que a Inovação Sistemática é uma super-simplificação da TRIZ. É difícil discordar desta visão quando se observa certas publicações intituladas como Inovação Sistemática ou variantes, que empobrecem muito as coisas. Algumas limitam-se a abordar o Método dos Princípios Inventivos, ou uma versão “melhorada” ou “adaptada” do mesmo, de acordo com a “experiência” dos autores.
Normalmente, as adaptações não se aproximam da qualidade da TRIZ, porque esta sempre foi desenvolvida com muito critério: validação de novas heurísticas e instrumentos numa quantidade e variedade de fontes e teste das novas técnicas em problemas padronizados e problemas reais, antes de incorporá-las ao corpo de conhecimento.
Outras publicações de Inovação Sistemática não são tão limitadas, mas, ainda ignoram partes essenciais da TRIZ, como a Análise Su-Campo, os Padrões Inventivos e o ARIZ (Algoritmo para a Solução Inventiva de Problemas).
Observada deste modo, a Inovação Sistemática pode, mesmo, ser bem menor que a TRIZ, que é um sistema completo. Pode transmitir a ideia de um simples conjunto de ferramentas: instrumentos para formular problemas, encontrar novas soluções, e assim por diante – sem um método ou metodologia que os permeie, encadeie e produza sentido.
Este papel de metodologia, na TRIZ, é cumprido pelo ARIZ, que estabelece uma ordem para uso das ferramentas na formulação e resolução de problemas. Além disso, o ARIZ, incorporando o conceito de idealidade, possui embutidas em sua parte final heurísticas que conduzem à evolução contínua do algoritmo e da TRIZ – passo 9 do ARIZ 85-C, ilustrado abaixo.
Inovação Sistemática é uma Evolução da TRIZ
A TRIZ começou a ser difundida fora da antiga URSS nos anos 1990. Assim como era uma novidade nos novos lugares, também nos países da antiga URSS métodos, metodologias e sistemas como o QFD, a Engenharia Robusta, o Lean Manufacturing, o Seis Sigma e outros eram desconhecidos ou pouco utilizados. Naturalmente, começou a acontecer uma fertilização cruzada entre os diferentes sistemas.
Neste sentido, de integração e incorporação de novos conhecimentos à base original, pode-se argumentar que a Inovação Sistemática pode estar se tornando uma evolução da TRIZ.
Inovação Sistemática é um Conceito Maior do que TRIZ
A competência central da TRIZ é a invenção. Por mais que a TRIZ e a invenção nos sejam caras, sabemos que são apenas parte do processo de inovação. Inovar é ir além das invenções e oferecer novo valor. É fazer com que as invenções funcionem na realidade. É, como já ouvi alguém dizer, “emitir mais e melhores notas fiscais”.
Deste modo, pode-se entender Inovação Sistemática de uma forma diferente, como um conceito muito mais amplo que inclui, além do instrumental inventivo, a aparelhagem necessária para inventar as coisas certas, que precisam ser inventadas e incorporar as mesmas em novos produtos e processos.
Neste sentido, talvez a mais autêntica Inovação Sistemática sejam os processos sistemáticos de desenvolvimento de novos produtos / novos processos, como ilustrado abaixo (adaptação do proposto por Back et al., 2008).
Nossa visão é a de utilizar Inovação Sistemática como sinônimo de TRIZ ou no sentido de algo mais amplo, que incorpora novos conhecimentos e com a finalidade de efetivamente implementar novas soluções no mundo real.
Dito tudo isso, sei que há gente não concorda que a inovação pode ser sistemática. O que você pensa?
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