Relato do 8th TRIZ Symposium in Japan – Primeiro Dia

Este é o relato da minha participação no 8th TRIZ Symposium in Japan, que faço em benefício dos leitores com interesse em saber um pouco sobre atividades relacionadas à TRIZ em outros países. Incluí comentários sobre as apresentações de que participei e também sobre algumas outras que aconteceram em paralelo e que acompanhei pelos artigos e apresentações. Isso foi possível porque a equipe organizadora fez um trabalho excelente, baseado em voluntariado: todas as apresentações foram disponibilizadas em japonês e inglês!

Meu entusiasmo por participar de uma das conferências de TRIZ mais tradicionais do mundo (agora na oitava edição) era grande. Porém, confesso que ele foi um pouco ofuscado pelo cansaço. Foram 25 horas de voo, mais 11 horas e meia de espera em aeroportos, com direito a um atraso de 2 horas e meia da American Airlines (que ficou por isso mesmo, exatamente como reclamamos que ocorre aqui no Brasil…). Adicionando os deslocamentos locais, no total, foram praticamente 40 horas de viagem! Some-se isso à diferença de fuso horário (12 horas) e pode-se imaginar meu nível de cansaço.

Deixo aqui registrado este aspecto, apenas para lembrar a alguns de meus colegas de trabalho, que criticam e/ou consideram a participação em eventos internacionais uma espécie de férias ou prêmio para o participante: na realidade, trata-se de trabalho duro, que começa no desenvolvimento de pesquisas que sejam dignas de aceite para publicação e passa pela submissão e aprovação de projetos que gerem os recursos para custear a viagem. Isso resulta em visibilidade ao que é feito na universidade e em conhecimento de classe mundial que volta para dentro dela.

Dito isto, vamos ao que realmente interessa: o relato do evento.

O primeiro dia do simpósio foi dedicado a duas sessões paralelas, sendo a sessão A realizada por vários apresentadores, todos japoneses, principalmente com tutoriais para iniciantes em TRIZ. A sessão B consistiu de um seminário, ministrado pelo Prof. Denis Cavallucci, do INSA Strasbourg (França).

Na sessão A, houve apresentações sobre o que é TRIZ e para que serve (Hajime Kasai, da IDEA Co.), contradições físicas (Shinsuke Kurosawa), uso da TRIZ nas empresas (Fumiko Kikuchi, da Pioneer), difusão da TRIZ para a juventude (Prof. Toru Nakagawa, da Universidade Osaka Gakuin) e inventividade como forma de ajudar o Japão a reavivar sua situação como país de alta tecnologia (Akihiko Ikeda, do Instituto de Tecnologia Kanagawa) – sim, eles entendem que perderam a liderança em muitas áreas e estão preocupados! Enquanto isso, no Brasil, …

Na sessão B, o Prof. Cavallucci apresentou o Inventive Design Method (IDM), método derivado da TRIZ no qual tem enfocado suas pesquisas. O IDM promete possibilitar o tratamento de múltiplas contradições, o que tem grande utilidade na aplicação da TRIZ em problemas complexos, nos quais há contradições variadas e interconectadas. Ele também facilita a inserção do conhecimento de especialistas na análise, sem demandar que eles precisem conhecer a TRIZ e tem características úteis para priorizar contradições e soluções geradas. Esta é uma abordagem que merece ser explorada com mais cuidado.

No final da tarde, após as sessões paralelas, Kenichi Yumino, da Sociedade Japonesa de Criatividade, falou sobre o ensino da criatividade. Para ele, o ensino japonês é centrado demais em Manabi (aprendizado, ou mais especificamente, a absorção e reprodução de conhecimento existente). O ensino ocidental privilegia não apenas Manabi, mas, também, dá muita ênfase para Tsukuri (criação), com os alunos sendo desafiados a criar coisas novas e a resolver problemas. O autor apresentou casos ilustrando como a educação pode e deve conter mais Tsukuri, desde o seu início, resultando em alunos mais criativos.

Encerrando o primeiro dia, no início da noite, houve um jantar e conversas em grupos sobre três temas: extensão da TRIZ e de suas aplicações, TRIZ na indústria e disseminação da TRIZ.

Veja aqui o relato do segundo dia do evento.

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